“Familiocracia? Pois é…”

 

 

Durante a entrevista no programa Novo Poder, do Walison Silva, o deputado Vicentinho Jr. levantou um ponto curioso: segundo ele, a “familiocracia” atrapalha a política, cria distorções e dificulta a renovação.

 

Pois é.

 

E aí mora exatamente a graça da coisa.

 

É impossível não abrir um sorriso quando alguém que é, talvez, o maior símbolo da própria familiocracia no Tocantins, resolve criticar… a familiocracia.

 

Afinal, estamos falando do Vicentinho que, em 2014, foi eleito deputado federal enquanto o pai era senador da República — algo que, convenhamos, abre portas, janelas e até cancelas.

 

Estamos falando dos Alves cujo grupo familiar hoje comanda duas prefeituras:

• Um filho prefeito de Pindorama,

• Outro filho prefeito de Ipueiras, que já foi vereador em Porto Nacional.

 

Ou seja: enquanto no discurso o problema é a “familiocracia”, na prática ela funciona muito bem — e sempre funcionou — para o clã Alves.

 

É o famoso caso do político que critica o sistema… sentado confortavelmente dentro dele.

 

E pra completar, quando um deputado com dois irmãos prefeitos, e uma carreira consolidada graças ao peso político do pai, fala contra a herança familiar na política, o resultado é quase cômico. Uma mistura de sinceridade tardia com amnésia seletiva — ou, quem sabe, apenas aquele velho instinto político de dizer o que soa bonito no microfone.

 

Mas a política tocantinense já conhece a história: aqui, família é patrimônio eleitoral.

E, no caso dos Alves, é um patrimônio muito bem aproveitado.