O Tocantins recebe esta semana, o 1º Encontro Nacional Sobre Pegada de Carbono na Aquicultura, sob a égide de duas crises que ameaçam extinguir a humanidade: a crise climática e a crise do discurso racional. A primeira coloca em risco nossa existência física, ao passo que a segunda compromete nossa capacidade de responder à primeira, envenenando a fonte do discurso público com notícias falsas e desinformação.
É no campo de batalha da razão e da ciência que encontramos as armas capazes de combater a deterioração do nosso planeta. Como bem discorre Noam Chomsky, é o discurso racional e científico que ilumina o caminho para a adoção de práticas ecologicamente sustentáveis. Se a desinformação é uma crise tão terrível quanto a ambiental, é porque ela compromete nossa única chance de solução.
E é para forjar essa solução que estamos aqui neste Encontro Nacional. Empunhamos a ciência como nossa espada, restabelecendo o discurso racional para mitigar as emissões de gases de efeito estufa e garantir a segurança alimentar do nosso povo. A aquicultura surge, nesse cenário, como uma alternativa econômica viável e ecologicamente responsável para a produção de proteína animal de baixo carbono, por isso, devemos reconhecê-la como representante proeminente da bioeconomia.
Mas não é suficiente apenas tecer louvores à aquicultura; é preciso tecer essa rede em águas propícias. E essas águas fluem no Tocantins. Este estado se destaca como um modelo de sustentabilidade, sendo o primeiro ente federativo brasileiro a implementar a política de REDD+ Jurisdicional, isto é, com a Redução da Emissão dos Gases de Efeito Estufa por Desmatamento e Degradação no território tocantinense, já estamos vendendo créditos de carbono ao mercado europeu, possivelmente uma nova commodity, alavancada de forma pioneira no país pelo governo Wanderley Barbosa.
Temos aqui, pois, uma confluência única de recursos naturais, como a bacia Araguaia-Tocantins, pequenos rios, riachos, o grande Lago da Usina de Lajeado, o Lago da Usina de Estreito, e políticas progressistas que já atraíram o olhar atento e os investimentos do governo federal. Por isso, só há gratidão à Secretária da Sepea Miyuki Hyashida, ao Governador Wanderley, ao Ministro André de Paula e ao Presidente Lula por este encontro de repercussão internacional, viabilizador do enfrentamento do racismo ambiental que nos assola, este conceituado como a marginalização e exclusão de grupos vulneráveis diante do não acesso aos recursos ambientais, sociais e econômicos.
Exortamos para fazer do Tocantins o farol que guiará o mundo através destas tempestades, um paradigma de aquicultura de baixo carbono, quiçá aquicultura zero carbono, aquicultura carbono azul. Pois, se é verdade que a aquicultura pode alimentar nossos corpos, acredito também que ela possa viabilizar a democracia ambiental do século XXI a partir das terras cobertas por extensas lâminas d’águas tocantinenses.
Por Rodrigo de Carvalho Ayres
Advogado, atual Secretário Executivo da Pesca e Aquicultura.
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