Laurez Moreira: 60 dias que deviam ser alavanca e viraram aviso vermelho
Quando um político com a trajetória de Laurez Moreira assume interinamente o comando de um estado, a expectativa natural é que experiência se converta em eficiência: articulação com prefeitos, diálogo com deputados, gestão responsável e respeito aos servidores. Laurez teve todas as credenciais — e talvez por isso as cobranças e as expectativas fossem maiores. O saldo destes primeiros 60 dias, contudo, é preocupante.
Em vez de alavanca, veio o retrocesso. Em vez de diálogo, veio a intimidação. São inúmeros os relatos sobre demissões e trocas no funcionalismo, inclusive de profissionais cujo trabalho é essencial para a continuidade de serviços públicos — uma conduta que não apenas prejudica serviços como também atinge pessoas e famílias num momento crítico do ano letivo e da própria administração pública. Mais de mil servidores demitidos, representam um ato administrativo com repercussões humanas e políticas enormes.
Mas o problema não é apenas administrativo: é político. Um secretariado que parece mais interessado em consolidar poder do que em governar afasta prefeitos e líderes locais — justamente aqueles que deveriam ser parceiros na execução de políticas públicas. O resultado é isolamento, perda de apoio e eleição de inimigos onde deveriam existir aliados. E, em política, isolamento custa mais caro que qualquer gasto orçamentário.
Há ainda a questão das alianças: trazer de volta personagens já “eliminados” pelo eleitorado e firmar acordos com figuras controversas é agir na contramão daquilo que qualquer gestor sério precisa: credibilidade. Sem credibilidade, toda promessa vira teatro. Sem construção política real, qualquer projeto de governo sofre risco de naufrágio.
Laurez tem duas saídas diante desse cenário. A primeira é abraçar a humildade: reconhecer erros, abrir espaço para o diálogo e trocar o tom de intimidação por postura conciliadora. A segunda é usar sua bagagem para demonstrar competência: colocar técnicos na frente, apresentar metas claras e assumir compromisso público com a manutenção dos serviços essenciais e com a estabilidade do funcionalismo.
Se Laurez escolher o caminho do coronelismo, estará não só perdendo apoio como enterrando a própria carreira quando ainda há tempo de redenção. Se optar por governar com mão firme, mas com diálogo e respeito, pode reverter a percepção atual e deixar um legado digno. O Tocantins não precisa de desculpas — precisa de trabalho e respeito.